Fram Paulo
Comunicador
Popular CDDH/ASA
Caminhando ao campo santo
Pelo sertão eu vou
Em homenagem às almas
Do povo sofredor...
POR
QUE É PRECISO CAMINHAR?
Para
denunciar a violação dos direitos humanos, ocorrida no ano de 1932, não só em
Senador Pompeu, mas em todo o Estado do Ceará.
Porque
é preciso manter viva a memória dos campos de concentração, para que fato
semelhante, não mais venha acontecer.
Porque
é preciso dizer não à equivocada política de combate à seca, e dizer sim à
convivência.
Para
dizer não à indústria da seca, que movimenta milhões em obras pouco eficientes,
que não resolvem os problemas que surgem por conta da estiagem.
Porque
é preciso refletir, questionar e lutar contra o sistema que atualmente ainda
mantém modernas formas de campos concentração.
A
CAMINHADA DE FÉ E MEMÓRIA
No
ano da 34ª Caminhada da Seca, o sertão passa por uma das maiores estiagens dos
últimos 50 anos. A história vem se repetindo há mais de um século. Acesso
à água e terra foi e continua sendo um problema que afeta os povos do
Semiárido.
A Caminhada da Seca é movida pela devoção e fé nas Almas da Barragem, carrega a
história, cultura e possui diversas simbologias.
Carrega
também a memória das lutas dos povos do Semiárido: dos indígenas, dos quilombolas,
dos sem terra, de Canudos, de Caldeirão e dos agricultores e agricultoras que
almejam o direito de bem viver no Semiárido.
AS
ALMAS DO POVO É O SANTO DO POVO
E
o povo que sofreu virou santo milagreiro, o cemitério da barragem virou o campo
santo do sertão, que alimenta a fé, a esperança, fortalece a luta pela garantia
de direitos – à terra para viver e produzir alimentos saudáveis, direito à água,
fonte de toda forma de vida, direito à saúde, à educação, à justiça - direitos que são sistematicamente violados.
A
história da Caminhada da Seca, não começa em 1919, ano em que foi iniciada a
construção da barragem do Patu, nem no ano de 1932, quando foi instaurado o campo de
concentração, tão pouco no ano de 1982, ano da primeira caminhada idealizada
por Pe. Albino Donati.
Traz
as reminiscências das grandes secas de épocas passadas, que pela falta da
devida atenção do Estado, acabou por vitimar milhares de vidas ao longo da
história e que resultou na criação de campos de concentração a partir da seca de 1915.
Os campos de concentração da seca de 1932, resultaram da incompetência, da irresponsabilidade, da inadequação das fomas de lidar com o fenômeno natural da seca , sendo um crime praticado pelo Estado.
Senador Pompeu é o único município que mantém viva essa memória.
CASARÕES
DA BARRAGEM – TESTEMUNHAS DA HISTÓRIA
Assim
como a Caminhada da Seca, o cemitério, a devoção e fé nas Santas Almas, os Casarões da Barragem são patrimônios de grande importância, testemunhos da
história, lugar de memória que deve ser preservado.
É
preciso que a comunidade compreenda que a caminhada, o cemitério, as Almas da Barragem, o serrote do Patu, a barragem e os casarões fazem parte da mesma
linha que tece a teia da história de Senador Pompeu.
Todo
o conjunto de bens culturais e ambientais, que envolve a história do campo de
concentração, tem seu valor. Portanto, necessária a preservação por parte do
Poder Público e da comunidade.
CAMINHAR
PARA ALÉM DA UTOPIA
É
preciso continuar caminhando incansavelmente, mas caminhar em outra direção,
aprendendo com os erros do passado e construindo um futuro onde prevaleça o bem
comum.
Avançando na luta pelas políticas de
convivência com o Semiárido, por educação contextualizada e de qualidade, na luta
por justiça social, por TERRA E ÁGUA: FONTE DE VIDA, DIREITO DOS POVOS DO
SEMIÁRIDO.
13
de novembro é um dia de caminhar para além da utopia - concentração na Igreja Matriz
às 04h30, levando o chapéu, com roupa branca e não esquecendo a água como símbolo da
vida e o branco a paz.
Para saber mais, assista ao vídeo:
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