Encontro do Fórum Microrregional do Centro Sul discute importância das sementes criolas

Fram Paulo - Comunicador Popular da ASA
Pedra Branca / CE
07/04/2014
O encontro do Fórum Microrregional do Centro Sul, que aconteceu no dia 07 de abril de 2014, na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pedra Branca (CE), foi marcado pelo debate sobre a importância da preservação das sementes criolas.

A começar pela mística de abertura, que levou ao centro da roda cada participante que pegava uma semente com a qual se identificava e falava o motivo da escolha, plantava e aguava simbolicamente.

Foram as sementes da vida, da resistência, da paixão, da esperança e de revitalização; sementes de sensibilização para preservação do patrimônio natural de propriedade das agricultoras e agricultores; sementes que garantem a sustentabilidade da agricultura familiar e a soberania alimentar das famílias do Semiárido.

A agrônoma do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro (CDDH-AC), Mikaelle Cavalcante ministrou palestra mostrando a história desde quando as sementes foram manipuladas pelas mulheres há cerca de 10 mil anos até as sementes da atualidade, destacando a importância das sementes criolas e o perigo dos transgênicos e das sementes geneticamente modificadas em laboratórios.

Os participantes do encontro buscaram nas lembranças como seus pais e avós faziam para guardar as sementes, “tradição que deve ser revitalizada, mesmo sendo uma prática antiga, estamos perdendo esta tradição, há uma necessidade de se debater esse assunto na atualidade, assim como houve o debate sobre a importância de se armazenar água em cisternas, é necessário ampliar o debate sobre a importância de guardar as sementes”, destacou Antônio Francisco do CDDH-AC.

Segundo o representante do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pedra Branca, Jessé Rodrigues, o município já possui casa de sementes com banco de sementes que foi implantada nos meados da década de 90 com apoio do Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador (CETRA) e do CDDH-AC. “O banco de sementes foi iniciado com a aquisição de 36 silos e as sementes para iniciar o banco todas foram doadas pelos agricultores, naquela época a gente não tinha a preocupação tão grande com os transgênicos, era mais pela necessidade de ter as sementes pra gente plantar quando a gente precisasse, pra não ficar esperando pelo governo”, enfatizou Jessé.

A mística, a palestra e o debate, trouxeram aos participantes o sentimento coletivo de preservação, da retomada da tradição dos antepassados em selecionar e guardar as sementes e lançaram propostas a serem postas em prática na dinâmica do Fórum Microrregional, dentre elas: intercâmbios entre os bancos de sementes existentes na região; procurar envolver a juventude rural; processo de sensibilização para que as famílias comecem a guardar sementes em casa para depois começar a criar novos bancos de sementes; reativação das casas de sementes que estão desativadas e mais acesso à informação sobre sementes.

No encerramento do encontro foi realizado o lançamento do Segundo Caderno de Sistematizações, um produto da Rede de Comunicação Popular do Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido, os participantes fizeram a leitura coletiva de um poema publicado no Caderno, sobre sementes.