No dia 11 de novembro, o povo de Senador Pompeu relembrará o sofrimento de milhares de sertanejos e sertanejas, vítimas do fenômeno de exclusão social que marcou a história do Ceará no início da década de trinta do século passado. A 36ª Caminhada da Seca é um mergulho na memória do campo de concentração de flagelados da seca de 1932.
O tema continua sendo água, que gerou
a demanda para a construção da barragem do Patu no ano de 1919. A mesma água
que faltou porque a obra foi paralisada, deu origem ao campo de concentração,
que a partir da omissão dos governos e pela falta de políticas adequadas à
convivência com a seca, gerou a extrema miséria, a sede, a fome, as doenças,
que ceifou milhares de vidas humanas.
Quase 100 anos depois do inicio da
construção da barragem do Patu, a falta de água para consumo e produção continua
sendo um problema, por isso o tema: ÁGUA, CAMINHO DA VIDA, LIBERDADE E BEM
VIVER.
O
sentido da caminhada da seca perpassa a fé, a devoção às almas da
barragem do Patu, leva a marca da luta contra as injustiças, a violação de
direitos, por terra para viver e produzir, pela água para consumo e produção,
pela preservação do patrimônio histórico. Lutas tão antigas com novas
reivindicações, com novos sentidos e simbologias, que mantêm viva e fortalece a
tradição a cada ano.
Ao longo dos 36 anos de
caminhada, dentre os passos de cada caminheiro e caminheira, estão os passos do
Padre Albino Donnatt. A Caminhada da Seca, segue a trilha por ele aberta, foi a
partir da iniciativa do padre que nasceu a tradição da caminhada da seca no ano
de 1982.
Senador Pompeu carrega a
responsabilidade de manter viva a memória histórica dos campos de concentração
da seca no Ceará. O único município que preservou essa história, através do
imaginário popular, dos casarões da barragem, sobretudo na devoção e fé nas
almas da barragem, as almas do povo, que é um santo coletivo, o santo que é
povo, do cemitério da barragem, que é um lugar sagrado, o campo santo do
sertão, o santuário da seca.
A 36ª Caminhada da Seca acontecerá no
dia 11 de novembro, concentração na igreja matriz às quatro horas, seguindo o ritual
tradicional de caminhar em procissão até o Cemitério da Barragem, onde será celebrada
uma missa em louvar às Almas da Barragem.
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