CDDH-AC na luta pelo direito à moradia em Iguatu (CE)



“Nossos direitos vêm,
nossos direitos vêm!
se não vierem nossos direitos,
Iguatu perde também!”

Manifestação pelo direito à moradia em Iguatu
Em coro, centenas de pessoas cantaram esse refrão pelas ruas de Iguatu (CE). São homens, mulheres, crianças e jovens, que há meses clamam pelo direito à moradia digna. Nas palavras de Pe. Anastácio de Oliveira, defensor dos diretos dos humanos, membro da Comissão Diocesana Para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, “o direto à moradia está na palavra de Deus, na Bíblia, está na Constituição Brasileira. O povo não é fora da Lei, fora da Lei é quem governa e não cumpre a Lei, não garante os direitos do povo que paga impostos”, diz.

Pe. Anastácio de Oliveira na manifestação pelo direito à moradia em Iguatu

O Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro (CDDH-AC) vem acompanhando a luta de milhares de famílias que estão acampadas em terrenos na periferia da cidade, morando em barracos, vivendo em condições desumanas. Presta assessoria jurídica, acompanha as manifestações e audiências públicas, no sentido de reforçar a luta e pressionar as autoridades a atenderem às demandas das famílias por moradia. Esse trabalho é realizado em parceria com a Comissão Diocesana Para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz de Iguatu.

O problema

Acampamento Filadélfia – Iguatu (CE)
A falta de planejamento e compromisso dos governos no sentido de resolver a problemática do déficit habitacional no Brasil, que atinge as famílias de baixa e principalmente as que não têm renda comprovada ou sobrevivem com os programas de transferência de renda do governo, a especulação imobiliária, bem como o agravamento da crise econômica nos últimos anos, a desigualdade social, que tem levado famílias a viverem em condições precárias de moradia, sendo um problema recorrente em muitas cidades brasileiras. Em Iguatu(CE), centenas de famílias se uniram para cobrar dos gestores públicos o direito à moradia digna, previsto na  Constituição Federal.

Sem condições de pagarem aluguel, mais de mil famílias ocuparam terrenos públicos e estão vivendo em barracos, um sofrimento que se estende há meses, sem que os governos deem a devida atenção. São 6 (seis) acampamentos nas periferias da cidade.

Acampamento Filadélfia – Iguatu (CE)
A violação de direitos tem sido a regra, segundo conta Marcos Antônio, conhecido por Marcão, que vive no acampamento Filadélfia, “a gente está aqui levando chuva, levando sol, sujeito a todo tipo de doença, insetos, crianças adoecendo, os idosos também e todo mundo. A gente tá aqui porque não tem condições de pagar o aluguel caríssimo, aí a gente se encontra nessa situação porque não tem emprego. Tudo que a gente quer aqui é só um lar, porque com um lar, a gente vai ganhar o pão de cada dia e sobreviver”, diz Marcão.

Nos acampamentos falta tudo, é um conjunto de violação de direitos, que afeta a dignidade do ser humano, que interfere de forma negativa no futuro de crianças e precariza as condições de vida de idosos.

A família de Dona Maria de Jesus morava em um quarto, mas foram despejados, pois não tinham condições de continuar pagando o aluguel. Mesmo com problemas de saúde, foi obriga a armar um barraco no acampamento Filadélfia e somar forças na luta pelo direito à moradia. “Nós tem o nosso direito, todo mundo tem o direito a um canto pra morar e nós num tem não? Aqui o sofrimento de um é o de todos. Aí, de noite todo mundo tá no seu canto bem confortável e nós aqui dentro da lama, será que é justo isso?” Enfatiza Dona Maria.

Luta e esperança

CDDH-AC na manifestação pelo direito à moradia em Iguatu (CE)
Apesar de tudo resta a esperança, acreditando na luta, na mobilização e no apoio das instituições de direitos humanos que vêm pressionando o governo municipal para que o problema seja resolvido.

Marcão acredita que vai conquistar o tão sonhado lar, dizendo que “a esperança é a última que morre. A gente só tem a esperança e a fé em Deus, porque confiar nos políticos é difícil. Porque se eles quisessem fazer já tinham feito”. Dona Maria também aguarda a solução do problema por parte dos gestores públicos valendo-se da fé em Deus.

 “Moradia digna é direito de todos e todas, por isso o povo vai pra rua e não sai da rua enquanto não conquistar os seus diretos”, exclama Pe. Anastácio, que segue firme na luta pela garantia do direito à moradia, na certeza que a mobilização, a reivindicação, a união do povo e o trabalho das organizações da sociedade civil, é um caminho para a justiça social e garantia de direitos.

O Centro de Defesa firma o compromisso de continuar lutando pelo direito humano à moradia digna, por entender que é um dever e uma missão que remete ao ideal do seu fundador Pe. Albino Donat.

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Para saber mais, assista aos vídeos:

Manifestação pelo direito à moradia em Iguatu







Vídeo Documentário - Resultado da Oficina de audiovisual promovida pelo Ponto de Cultura Ciranda das Artes, com Fram Paulo, comunicador popular do CDDH-AC.


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