Seminário discute os cem anos após a seca do quinze, a partir da memória dos campos de concentração e da experiência de convivência dos movimentos sociais.

O sertão está sofrendo
Por ato irresponsável
Onde nada é igualável
À vida que está vivendo
É grande o sofrimento
Violação do direito
Governo não tem respeito
Tudo fica abandonado
Isso é que é mourão voltado
Isso é que é voltar mourão

A seca não é o problema
Falta mesmo educação
Falta estruturação
Para acabar com o dilema
Conviver é que é o lema
Esmola não serve não
Aprendendo essa lição
O sertão será mudado
Isso é que é mourão voltado
Isso é que é voltar mourão
(Autor: Fram Paulo)




Acontecerá no dia 09 de maio de 2015, a partir das 08 horas, no centro Pastoral de Senador Pompeu, o II Seminário Sertão Seca Memória e Cidadania, com o tema “1915/2015 - 100 anos de seca, um século de fracasso do poder público”.

O campo de concentração, a maior tragédia das secas no Ceará.

Senador Pompeu é o único município do Ceará que mantém viva a memória dos campos de concentração, através dos seus casarões históricos, que em 1932 foram utilizados pelo governo para abrigar os administradores do campo de concentração dos flagelados da seca.

Mais de 16 mil sertanejos foram vítimas da maior tragédia da história das secas do nordeste, isso em Senador Pompeu, porque além do campo de concentração do Patu, existiram mais seis campos no Ceará.

A religiosidade popular tem sido importante para a preservação da memória do campo de concentração de 1932, através da devoção e fé nas almas da barragem. O imaginário coletivo criou um santo coletivo com seu santuário, o cemitério da barragem do Patu, local sagrado para a comunidade.

A devoção e fé nas almas da barragem deu origem à caminhada da seca, que acontece uma vez por ano, no segundo domingo de novembro, em que milhares de pessoas fazem uma procissão até o cemitério da barragem e lá é realizada uma celebração em memória aos mortos do campo de concentração da seca de 1932.

O patrimônio histórico relacionado ao campo de concentração em Senador Pompeu encontra-se totalmente abandonado, parte em ruínas e outra com estruturas comprometidas. 

Seminário Sertão Seca Memoria e Cidadania

No contexto dos 100 anos de história a partir da seca de 1915, o governo tem fracassado nas políticas públicas voltadas para o que se convencionou chamar de combate à seca.

Mesmo com a gama de investimentos em grandes obras de açudagem e transposição no semiárido brasileiro, não tem resolvido a problemática de abastecimento de água para consumo humano e produção de alimentos, bem como os diversos problemas decorrentes do fenômeno natural da seca.

Parte do nordeste vivência atualmente o que já se vivenciou ao longo dos séculos, quatro anos seguidos de seca e os problemas são praticamente os mesmos, alguns com menos evidência.

O II Semanário Sertão Seca e Cidadania debaterá a questão da ineficiências das políticas públicas para amenizar os problemas resultantes do fenômeno natural da seca no Semiárido ao tempo que não se aprende com a história. 

Um novo olhar sobre o semiárido e a perspectiva de convivência 

A construção de um novo olhar, de uma nova relação com o Semiárido, veio a partir da luta dos movimentos sociais, que teve inicio nos anos 80. Com isso veio a perspectiva de convivência com a seca, em contraposição à política de combate à seca, partido da premissa de que sendo a seca um fenômeno natural recorrente, há a necessidade de se criar mecanismos de convivência.

Os movimentos sociais construíram mecanismos de organização e mobilização dando origem às políticas de convivência com o semiárido, através de tecnologias sociais para o armazenamento de água para o consumo humano e produção agroecológica.

A conquista dessas tecnologias tem amenizado os efeitos da seca no semiárido, principalmente nas comunidades rurais.

Na programação do II Seminário Sertão Seca Memória e Cidadania.

Painéis:
- A Caminhada da Seca como Ferramenta de Manutenção da Memória e de Consciência Cidadã;
- Os Movimentos Sociais, a Memória e o Aprendizado com a História para Convivência com o Semiárido;
- Nos 100 Anos de Seca no Ceará Porque o Poder Público não Aprende com a Memória para Melhor Eficácia dos Direitos Fundamentais
- Apresentação da peça teatral A VIDA POR UMA GOTA;
- Exibição de vídeos.

Informações:
Valdecy Alves (85) 9996-0717
Fram Paulo (88) 9916-5994
Débora Alves - CDDH-AC (88) 9650-0042

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