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Reforma Agrária e Grandes Projetos é a temática central que conduziu o debate do encontro. Cassundé conceituou a Reforma Agrária e enfatizou que no Estado do Ceará há uma contra Reforma Agrária, caracterizada por uma precária política de assentamento, reassentamento das famílias e alocação. “As famílias são remanejadas para terras que não apresentam condições de produção”, disse, acrescentando que não basta somente ter a terra, mas se faz necessário garantir as condições de sobrevivência, por meio do acesso ao crédito, infraestrutura, acesso à água, entre outros. Referente aos grandes projetos do agrohidronegócio, o palestrante ressaltou os impactos dos mesmos na realidade das comunidades rurais, em que famílias são expropriadas de suas terras na esperança de receber uma boa indenização e nova moradia, quando na prática recebem valores irrisórios (quando recebem) ou moradias precárias, sem acesso a energia e água. Ainda neste painel, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), representada por Cícero Claudiano do Nascimento trouxe os dados dos conflitos agrários. De acordo com o mesmo, o ano 2012 teve aumento expressivo do número de conflitos por terra, água e questões trabalhistas, se comparado ao ano anterior. Estima-se que o aumento foi de 42%. Foram identificados 1.354 conflitos no País, 195 famílias foram ameaçadas, 77 pessoas sofreram atentados e 36 morreram. Claudiano acrescentou ainda que no Estado do Ceará ocorreram cinco conflitos por terra e água. Representando as comunidades rurais do Vale do Jaguaribe, contribuíram com o debate as agricultoras Antônia das Graças e Ramira Freitas. Elas relataram o sofrimento do povo com a construção da Barragem do Figueiredo. “Há um alto índice de depressão entre os idosos. Nas agrovilas a vida é sem vida, as pessoas ficam de cara pra cima”, denunciou Antônia das Graças, ressaltando que a obra tem impactado negativamente a vida das famílias, por tê-las reassentado em espaços sem infraestrutura adequada. Diante da realidade apresentada, os/as participantes continuaram o debate chamando a atenção para as estratégias adotadas pelo agrohidronegócio, que se assemelham às diferentes regiões, entre elas a desmobilização. “Esses grandes projetos tiram do povo até o direito de se reunir. Estamos vivendo um holocausto social aqui no Semiárido”, denunciou Jader Silva, da Cooperativa Mista de Trabalho, Assessoria e Consultoria Técnica Educacional (Comtacte). A denúncia de Jader foi também a de todos/as participantes do encontro. A microrregião de Itapipoca compartilhou as consequências da carcinocultura. Já Crateús falou da mineradora de Quiterianópolis e de Santa Quitéria. Ibiapaba socializou os impactos sociais e ambientais causados pela instalação dos parques eólicos. O Sertão Central denunciou os malefícios da extração do urânio. Esses grandes projetos retratam o modelo de desenvolvimento hegemônico, que prioriza o lucro em detrimento de todas as formas de vida. Em contraposição a esse modelo, o Fórum Cearense tem construído estratégias que fortalecem o processo de mobilização e organização das famílias rurais, pelo acesso à terra e à água. O sofrimento das populações chega como clamor e constitui-se como uma bandeira de luta constante, um compromisso coletivo com a defesa da vida. *Comunicadoras populares da ASA-CE Fonte: http://www.asabrasil.org.br/Portal/Informacoes.asp?COD_NOTICIA=7876
Fotos: Fram Paulo
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