Feira da Agricultura Familiar de Piquet Carneiro, colabora para a sustentabilidade dos agricultores(as)

Fram Paulo
Comunicador Popular CDDH/ASA
Piquet Carneiro (CE)

Feira da Agricultura Familiar em Piquet Carneiro
Foto: Fram Paulo / Arquivo: CDDH AC
As feiras populares sempre foram importantes para a economia e cultura dos municípios do sertão Semiárido, uma tradição que remete ao período colonial. No passado, essas feiras também estiveram presentes nas cidades da Região Sertão Central do Ceará e foram preponderantes para o desenvolvimento social e econômico  dos municípios.

Nas feiras populares havia o encontro do rural com o urbano, vendia-se de tudo que era produzido na região. Era também um momento de socialização, de troca de saberes e de circulação de informações.

Além do viés socioeconômico, havia também o espaço para as tradições culturais, com os repentistas, emboladores, mágicos, artesãos das mais diversas áreas, o teatro popular, do cordel e da diversidade gastronômica regional.

Por uma série de fatores, nas pequenas cidades do interior do Ceará, as feiras populares, aos poucos foram desaparecendo, perdendo força diante às novas estruturas econômicas.

Graças às organizações da sociedade civil, a partir do sistema de produção agroecológica, através da agricultura familiar, essa tradição está sendo revitalizada nos municípios da região. Em Piquet Carneiro (CE), a Feira da Agricultura Familiar acontece todas as sextas-feiras, ao lado da antiga estação ferroviária da cidade, reúne cerca vinte produtoras e produtores rurais de várias localidades do município e foi criada a partir da iniciativa dos próprios agricultores e agricultoras.

 Os produtos vendidos na feira são produzidos sem o uso de agrotóxicos, quem compra tem a garantia de estar levando alimentos saudáveis para a mesa. Além de produtos oriundos da agricultura familiar, artesãos e artesãs também vedem suas criações. A aposentada Lucimar Pereira, toda sexta vai fazer as compras na feira e destaca a preferencia por produtos saudáveis, “muito bom essa feira aqui, a gente compra produtos naturais que faz bem para a nossa saúde”. 

Parte dos agricultores que comercializam na feira, foram beneficiados com tecnologias sociais de armazenamento de água para produção, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), executado pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro (CDDH-AC).

 Segundo Hugo Carvalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Piquet Carneiro, as implementações das tecnologias sociais de convivência com o Semiárido, que foram implantadas no município através do P1+2, está possibilitando aos agricultores e agricultoras produzirem mais e melhor, mesmo diante a estiagem dos últimos três anos, sendo a feira um espaço importante para a venda dos produtos oriundos de quintais produtivos. “Isso traz pra nós uma satisfação muito grande, pra que a gente possa tá mostrando, que nós aqui estamos conseguindo conviver com a seca e estamos produzindo alimentos de qualidade sem o uso de agrotóxicos”, afirma Hugo.

O agricultor Rivanildo Alves dos Santos conhecido como “Neném do Mandala”, residente na localidade Barra do Serrote, mantém produção agroecológica no sistema Mandala. Produz banana, mamão, coco, pimenta, pimentão, macaxeira, cheiro-verde, jerimum etc, são mais de 14 variedades de frutas, legumes e verduras que cultiva.

Os frutos colhidos garantem segurança alimentar e renda para a família. Neném do Mandala  vende sua produção na feira da Agricultura Familiar. Destaca a importância da comercialização para garantir a sustentabilidade dos agricultores e agricultoras, “na feira a gente consegue vender mais, aqui tenho meus clientes que toda sexta vem e compra. Essa questão da comercialização faz a diferença, além da feira a gente vende pra merenda escolar, através dos programas do governo”, diz Neném.

A Feira da Agricultura Familiar de Piquet Carneiro, além de proporcionar um espaço para a comercialização dos produtos da Agricultura Familiar e artesanato, revitaliza a tradição das feiras populares, do espaço de encontro, de socialização de sabores e saberes.

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