30ª Caminhada da Seca em Senador Pompeu


O passado determina o nosso presente, possibilita-nos projetar o nosso futuro. A história de uma comunidade elava a sua identidade cultural, fortalece os laços e garante ao povo unidade, determinação e força.

Não devemos nos lembrar do campo de concentração de 1932, como uma página de nossa história que não deve ser lida, por se tratar de um fato trágico, momentos felizes e tristes permeião nossa memória. 

Portanto, o que aconteceu na barragem do Patu no ano de 1932, deve ser lembrado, estudado, debatido e acima de tudo compreendido. Por que tantas pessoas foram aprisionadas, mal alimentas, foram enterradas em valas coletivas? Para onde foram os alimentos que vinham para matar a fome dos flagelados? Para onde foram as folhas de zinco que iriam servir para fazer barracos, para proteger os flagelados do sol escaldante do meio dia? Quem comia a carne dos animais mortos para aliviar a fome de tantos sertanejos? E por que os sertanejos de tantas regiões foram atraídos para Senador Pompeu com a promessa de trabalho? Precisamos compreender tudo isso, com o propósito de que nunca mais tal fato venha acontecer.

Uma barragem que começou a ser construída em 1919 e somente veio ser concluída nos meados da década de 1980, mostra-nos como se dá a indústria da seca na região semiárida do nordeste brasileiro. Onde os governos mostram-se incompetentes, ou se utilizam de tal fato para enriquecimento ilícito com obras que demoram décadas para serem construídas, ou para a subsistência de famílias ditas tradicionais no sertão, que detêm o poder político e econômico, que fazem da miséria, da seca, das políticas públicas de má qualidade cabide eleitoral.

A caminhada da seca é importante no sentido de manter viva a nossa memória histórica. Para não esquecermos o sofrimento de tantas pessoas. Para que possamos garantir que nunca mais isso venha acontecer. É importante também pela fé, pela devoção que a comunidade tem para com as almas da barragem que obram milagres. Tem um ditado que diz: “santo de casa não obra milagre”. No caso de Senador Pompeu, as santas almas da barragem obram milagre sim. E é um caso peculiar em que o santo é coletivo, o povo virou santo, o santo milagreiro são as almas do povo que intercede pelo povo.

Tantos sertanejos sofreram, morreram. Tanta vida ceifada pela seca, pela omissão de tantos, pelo capricho de outros, pela irresponsabilidade de governantes, pelo descaso político. O sofrimento ensinou o caminho  que traz a esperança de uma vida digna no sertão.

Assista ao vídeo convite da 30ª Caminhada da Seca.

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